quarta-feira, 17 de julho de 2013

Casa de Café Carioca

 
As tradicionais casas de café de Lisboa são como pequenos baús cheios de perfumes e recordações. 
Trazem-nos à memória o ritual do café de outros tempos do qual fazem parte as máquinas de balão, as chávenas de porcelana e o tempo… o tempo necessário para criar um café de aroma intenso, disfrutado em goladas de prazer à volta da mesa ou na sala de estar. Eram tempos onde o tempo passava devagar ou talvez não fosse devagar. Porque o tempo tinha tempo para apreciar e saborear todos os momentos, sem correrias, sem atropelos. Tempos bem diferentes dos dias de hoje. As antigas máquinas foram substituídas por aparelhos atrativos, robustos, coloridos, capazes de criar um café agradável ao olhar e ao paladar. Mas o aroma, aquele aroma que enchia as nossas casas com café acabado de moer, quase desapareceu e com ele o tempo para apreciar e saborear um café em goladas de prazer.
Rua da Misericórdia - Lisboa 
Por isso, a nossa homenagem às antigas casas de café portuguesas que nos fazem viajar no tempo das emoções, através dos aromas. E onde um cliente rapidamente passa a amigo, fruto das relações de proximidade que ainda se estabelecem. São locais onde encontramos variedades que dificilmente se conseguem encontrar nas grandes superfícies.

Visitámos a Carioca, uma casa com mais de 70 anos a vender cafés, chás e chocolates, na Rua da Misericórdia. Uma marca tradicional portuguesa no mercado dos cafés e que hoje faz parte dos cafés Negrita, também esta portuguesa. Fomos atraídos pelo aroma do café acabado de torrar. À entrada um grande moinho encarnado de alpaca parece dar-nos as boas vindas. Com mais de 70 anos ainda hoje mói orgulhosamente os grãos de café que mais tarde se transformam numa bebida cremosa, aromática e sensual.
O Senhor Godinho recebe-nos com simpatia. Empregado da casa há muitos anos, conhece bem os cantos deste espaço, sabendo aconselhar de acordo com os gostos e necessidades de cada cliente. Aqui ainda conseguimos encontrar cafés das nossas ex-colónias, nomeadamente, café de São Tomé, de Cabo Verde e de Timor, capazes de criar lotes fabulosos para os apreciadores de um bom café aromático.  

Os chás têm também o seu lugar de destaque. Alguns até têm direito a depositar as suas folhas já maceradas, em antigas e bonitas gavetas de madeira decoradas com pinturas orientais. Encontramos essencialmente chás dos Açores (preto, verde e oranje pekoe), chá de Moçambique, conhecido como chá licungo, chá de jasmim e oolong formosa (chá fermentado com um aroma leve), vendidos a avulso ou em saquinhos

Também aqui os chocolates e bombons têm a sua graça, vestidos de pratas coloridas, parecem florescer no meio dos tons terra dos cafés e chás como se tivesse chegado a Primavera.
Um local onde nos apetece comprar um pouco de tudo! 

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